A cavidade bucal é acometida por uma série de lesões das mais diversas origens e que apresentam diferentes prognósticos.
Um dos principais fatores que influenciam o prognóstico é o momento em que a lesão é diagnosticada.
Quanto mais precocemente as lesões forem diagnosticadas, melhores serão as chances de sucesso no tratamento. Considerando que o cirurgião-dentista é o profissional responsável pelo diagnóstico precoce e prevenção das lesões bucais, atenção especial deve ser dada às lesões chamadas pré-malignas, ou seja, que têm potencial em progredir para o câncer.
Falaremos neste artigo sobre uma das lesões pré-malignas, a Queilite Actínica, e a sua relação com o câncer de lábio. O câncer de lábio é mais frequente em indivíduos com a pele clara, e registra maior ocorrência no lábio inferior.
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Sua causa está diretamente relacionada à exposição excessiva e prolongada aos raios ultravioletas do sol, que causam danos permanentes às células epiteliais. Apesar das inúmeras campanhas que estimulam o uso do protetor solar, muitas pessoas ainda ficam expostas ao sol sem a proteção adequada.
E mesmo quando se protegem, muitas vezes esquecem de usar o filtro solar labial, e não se preocupam em utilizar um chapéu de abas largas para proteção da face. A divulgação da importância da relação sol/câncer de lábio deve ficar cada vez mais evidente para a população.
Quando falamos sobre câncer de lábio, temos que obrigatoriamente falar também sobre uma lesão denominada Queilite Actínica, que é considerada pré-maligna, ou até mesmo já representa formas superficiais do carcinoma de lábio.
Essa lesão acomete mais pessoas de pele clara, raramente aparece em indivíduos com menos de 45 anos, afeta o lábio (principalmente o inferior), e tem predileção pelo sexo masculino. Seu curso clínico é muito lento, e muitas vezes as pessoas nem se dão conta de seu aparecimento. Inicialmente, as lesões se apresentam com o surgimento de uma superfície labial lisa e áreas mais esbranquiçadas, por vezes ulceradas.
Conforme a lesão progride, formam-se áreas mais espessas e esbranquiçadas. Se ainda assim, o paciente continuar se expondo cronicamente ao sol, ulcerações aparecem, podendo durar meses. Outro sinal típico é a perda da visualização do limite entre o vermelhão e a porção cutânea do lábio. O endurecimento das bordas das úlceras pode ser um sinal sugestivo de transformação maligna.
Se um profissional se deparar com uma lesão labial com as características da Queilite Actínica, uma biópsia incisional é indicada para obtenção do diagnóstico final. Após a confirmação do diagnóstico, observa-se que lesões iniciais podem regredir, desde que o paciente suspenda a exposição aos raios ultravioletas e proteja o lábio com filtro solar.
Por sua vez, lesões endurecidas e espessas, com áreas esbranquiçadas ou ulceradas, e sem indicação de malignidade no laudo, devem ser totalmente removidas, normalmente pela técnica da vermelhectomia. Já nos casos onde o carcinoma de lábio for detectado, o paciente deve ser encaminhado para o tratamento oncológico.
Independentemente do estágio em que a lesão é encontrada no momento do diagnóstico, a proservação deve ser realizada por período indeterminado. Considerando o exposto, fica evidente a importância da prevenção para se evitar o aparecimento da Queilite Actínica e, consequentemente, do câncer de lábio.
Além disso, recomendam-se também consultas periódicas ao cirurgião-dentista para a realização de um exame clínico adequado. Desta forma, os métodos preventivos serão periodicamente alertados e o diagnóstico de lesões, quando for necessário, será feito precocemente.
- odontomagazine.com.br
- Queilite Actínica: importância do diagnóstico precoce e da prevenção
- Luciano Lauria Dib / Renata Tucci
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